Renda fixa: investimento prefixado ou pós-fixado?

Pode parecer que um investimento prefixado tem rendimentos mais seguros, mas isso não é verdade. Para que você possa escolher com clareza, vamos te ajudar a entender como eles funcionam e os riscos envolvidos em cada um.

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Na hora de investir em renda fixa, a primeira decisão a ser tomada é entre fazer um investimento prefixado ou pós-fixado. Pode parecer difícil, mas entender a diferença é muito importante para fazer a melhor opção para você e não se decepcionar.

Primeiramente, é importante dizer que ambos são seguros do ponto de vista de credibilidade: pode ter certeza que você receberá o seu dinheiro de volta. A diferença está em como funciona o rendimento.

Nos investimentos prefixados, já fica definido, no momento da aplicação, o quanto você ganhará no resgate. Por exemplo, 12% ao ano.

Nos investimentos pós-fixados, o rendimento normalmente é atrelado a um índice, como o CDI (taxa pela qual os bancos emprestam dinheiro entre si) ou o IPCA (que mede a inflação do País), e a aplicação acompanha o cenário econômico.

Pode parecer que um investimento prefixado tem rendimentos mais seguros, mas isso não é verdade. Para que você possa escolher com clareza, vamos te ajudar a entender como eles funcionam e os riscos envolvidos em cada um.

Para começar, é preciso ter algo em mente: para saber se está fazendo um bom investimento, é preciso não só olhar o quanto renderá aquela aplicação, mas comparar a taxa às oferecidas por outras instituições e à inflação do País. Dito isso…

Devemos escolher um investimento prefixado quando:

– estamos otimistas em relação à economia e acreditamos que a taxa de juros irá cair;

– queremos saber exatamente o valor que receberemos ao final da aplicação.

Devemos escolher um título prefixado, quando acreditamos que a taxa de juros ficará mais baixa nos próximos anos, explica a economista Myrian Lund, professora dos MBAs da FGV. Tomando essa decisão, acreditamos que estamos congelando o rendimento em um patamar elevado.

Mas, atenção…

Essa expectativa já é considerada na oferta dos investimentos. Por exemplo, hoje, um título prefixado do Tesouro Direito com vencimento em 2019 está rendendo 12,09% ao ano – enquanto a taxa praticada atualmente está em 14,15% ao ano.

Isso acontece porque acredita-se que as taxas de juros do País cairão até lá. “O mercado financeiro está otimista em relação ao futuro e já precificou a expectativa de queda dos juros”, explica Myrian.

Para se ter vantagem em um prefixado sobre um pós-fixado é preciso que, na data do vencimento, a taxa praticada esteja abaixo do seu rendimento: 12,09%. E você só poderá ter certeza se fez o melhor investimento na hora do resgate. Além disso, para o público leigo, é realmente difícil fazer esse tipo de previsão.

Outra questão importante: e se você precisar resgatar esse dinheiro no meio do caminho? Lembre-se que a sua taxa está congelada em 12,09%. Se no momento da venda, a taxa praticada pelo mercado estiver abaixo da sua: bom para você, que conseguirá uma vantagem aí. Mas e se o mercado estiver pagando mais do que o seu título? Você terá que vendê-lo por menos para ter acesso ao dinheiro que está precisando. Por isso, diz-se que você passa a correr risco de mercado, ou seja, fica dependente das condições oferecidas na hora da venda.

O prefixado pode ser uma boa opção para quem quer saber exatamente o valor que receberá ao final da aplicação, para um financiamento imobiliário, por exemplo. O que importa nesse caso não é tanto o ganho real do seu investimento – ou seja, o quanto você ganhou acima da inflação -, mas que você chegue ao valor esperado.

Devemos escolher um investimento pós-fixado quando:

– estamos pessimistas em relação à economia e acreditamos que a taxa de juros vá continuar subindo;

– podemos precisar do dinheiro antes do vencimento;

– não sabemos o que pensar em relação à economia e queremos jogar seguro.

Como dissemos, parece que um prefixado tem rendimentos mais seguros que o pós, mas não é assim. Os rendimentos pós-fixados, como define Myrian Lund, “são a zona de conforto” do investidor.

Enquanto no pré você só vai saber na hora do resgate do investimento se fez um bom negócio ou não – comparando a taxa “congelada” com a praticada no momento e a inflação do período -, os pós acompanham a situação econômica do País e, por isso, são mais previsíveis.

 “Você garante uma rentabilidade diária, com poucas oscilações e, se precisar resgatar antes do vencimento, dificilmente terá susto”, explica a economista.

Com as taxas de juros altas no País, o ganho real dos pós-fixados – ou seja, o quanto você ganha acima da inflação – está muito vantajoso.

Por exemplo, hoje, o título indexado à Taxa Selic, do Tesouro Direto, está pagando 14,15% ao ano, com a inflação a 7,5% ao ano. O indexado ao IPCA está pagando entre 5,66 e 6% ao ano acima da inflação. Dessa maneira, você garante, principalmente, o seu poder de compra ao longo do tempo.

Resumindo:

É possível ganhar mais com um investimento prefixado em relação ao pós-fixado, mas não dá para ter certeza se ele será vantajoso até a data do vencimento, quando saberemos realmente qual será a situação econômica e a taxa de juros praticada no País.

 “No prefixado, você pode ganhar mais ou menos do que o esperado. Você nunca vai ter certeza que será a melhor aplicação. Por isso, grandes investidores trabalham com diversificação: colocam apenas uma parcela dos seus investimentos em prefixado”, explica Myrian.

Para quem não gosta de emoções com o próprio dinheiro – ou seja, quase todos os brasileiros – essa pode não ser a opção ideal. Hoje, os pós-fixados são uma boa escolha para quem quer bons rendimentos e prefere não ter surpresas com o próprio dinheiro.

Fonte: Finanças Femininas 

Kennedy Oliveira

É formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelas Faculdades COC (atualmente Estácio). É pós-graduado em Comunicação: linguagens midiáticas, pelo Centro Universitário Barão de Mauá.

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