Jejum intermitente
O excesso de ingestão de alimentos e consequentemente ganho de peso são fatores consistentemente ligados à saúde/doença. A busca pela perda de peso decorrente dos excessos alimentares leva as pessoas a adotarem as mais variadas alternativas para se livrarem dos quilos a mais, sendo o principal objetivo a estética.
No mundo científico pesquisas são realizadas com o intuito de combater o excesso de peso e a obesidade que levam ao aumento da mortalidade pelo desenvolvimento de várias complicações como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, câncer e outros.
Uma das alternativas atuais que está sendo utilizada para a perda de peso ou mesmo a sua manutenção é o jejum intermitente. O jejum intermitente é definido como períodos de restrição alimentar intercalado com o consumo alimentar habitual. Este método é realizado com o objetivo de combater a obesidade e suas consequências metabólicas, como melhora no perfil lipídico e na resistência à insulina. O jejum quando comparado a uma alimentação restrita em energia tem melhor adesão, pois o indivíduo necessita apenas manter o foco por dias definidos durante a semana.
Os protocolos utilizados na prática do jejum são:
1. Método 16/8: janela de alimentação de 8 horas e um período de jejum de 16 horas. Para mulheres, é recomendável seguir um período de jejum de 14 horas, com 10 horas de alimentação. Dentro da janela de alimentação pode ser realizada de 2 a 3 refeições.
2. Eat-Stop-Eat: é um protocolo que envolve jejuns de 24 horas, uma ou duas vezes por semana.
3. Dieta 5:2: permite o consumo alimentar normal de 5 dias da semana, enquanto restringe o consumo de calorias para 500-600 kcal durante os outros dois dias.
Baseando-se no interesse de grande parte da população que tem como objetivo a perda de peso, torna-se necessário avaliar atentamente esta nova pratica.
Ainda não há estudos científicos suficientes que comprovam a eficácia do método e os efeitos metabólicos em longo prazo que ele pode trazer ao organismo comparado com as dietas de restrição calórica.
A alegação de que homem primitivo fazia jejum e, portanto isso é comum ao organismo deve ser analisada com cautela e atenção, pois o corpo humano está em constante evolução. Com base nisso, será que o jejum ainda é algo tão natural assim ao nosso organismo?
Uma revisão da literatura publicada em Janeiro desse ano por Harvie e Howell na revista Behavioral Sciences, avaliou vários estudos sobre o jejum e foi possível destacar a falta de dados de alta qualidade que informe com certeza e segurança quais os benefícios e consequências em longo prazo do método. Os poucos estudos disponíveis que comparam a prática de jejum com um dieta restrita em calorias evidenciou uma perda de peso equivalente para os dois métodos.
Não há dados suficientes também que comprovem que o jejum é eficaz na manutenção da perda de peso em longo prazo e também sobre a sua ação sobre a gordura visceral, resistência à insulina e flexibilidade metabólica. Outro fator de extrema importância é avaliar o indivíduo como um todo para analisar se a indicação do jejum realmente é necessária e benéfica.
Futuras pesquisas que analisem os efeitos desse método em comparação com dietas restritivas em calorias por períodos maiores que 6 meses ainda são necessárias para que uma prescrição efetiva e segura possa ser elaborada e bem direcionada para o paciente que busca uma perda de peso saudável e efetiva. Há necessidade também de mais estudos envolvendo paciente com obesidade em graus avançados e com diabetes tipo 2, avaliando qual seria o protocolo mais indicado para esses casos.
O jejum não é indicado para crianças, adolescentes, idosos, diabéticos que fazem uso de medicamentos hipoglicemiantes e gestantes.
Portanto, como todo método novo é necessário buscar informações coerentes e sensatas, assim como profissionais habilitados que possam fornecer as melhores e mais seguras alternativas para o objetivo de cada paciente respeitando sempre a individualidade biológica de cada um.