A mulher sabe parir?
Sabe, mas precisamos considerar alguns pontos, porque o parto via vaginal no Brasil não é tão simples.
Parir é instintivo. Você já deve ter ouvido ou até mesmo falado isso. Está correto! Pensando na fisiologia do parto, na maioria das vezes os trabalhos de parto fluem bem e os nascimentos acontecem sem necessidade de intervenções. Portanto, a mulher sabe parir, mas é preciso considerar alguns pontos, porque o parto via vaginal em nosso país não é tão simples.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de partos via vaginal deveria atingir 85% e de cesáreas 15% ao ano. Repito: D-E-V-E-R-I-A. A realidade brasileira é de 55% de cesarianas por ano, principalmente quando analisamos os partos realizados por operadoras de saúde (convênios).
Vivemos uma cultura cesarista com indicações desnecessárias de cesáreas e o parto via vaginal visto como sofrimento. A culpa de vivermos nesse cenário é apenas dos profissionais de saúde? Não. A população também colaborou muito para isso ao deixar de cultuar o parto normal ou natural de geração em geração como era feito antigamente. Reflita: Qual tipo de informações relacionadas ao parto você recebeu de suas bisavós, avós e mãe?
Outro ponto importante é que a vida da mulher mudou drasticamente no decorrer dos anos. A mulher moderna é multitarefas. Ao adentrarmos o mercado de trabalho, abandonamos os antigos costumes, organizamos nossas tarefas domésticas com auxílio de tecnologias avançadíssimas que nos permitem produzir mais e, muitas vezes, o nosso “produzir mais” vem acompanhado de longas horas sentadas. Passamos a movimentar menos nosso corpo – mesmo com rotinas tão atarefadas.
Nossa biomecânica mudou! Precisamos “abraçar” esse fato. Por mais que a gente pratique exercícios físicos regularmente (quando praticamos, né?), nossa mobilidade é diminuída. MOBILIDADE = MOVIMENTO… Fator tão importante no trabalho de parto.
Hoje, se a mulher almeja um parto normal ou natural, ela precisa se informar, estudar, buscar bons profissionais da área para assisti-la, preparar de maneira específica o corpo e a mente – Mesmo fisiologicamente sabendo parir.
O saber parir – instintivo – não nos garante uma boa experiência de parto via vaginal, é preciso preparo durante a gestação.