Curiosidades históricas da Escola Belga

Pra fechar o resumo de escolas cervejeiras, vamos falar sobre a Escola Belga. Na minha opinião essa é a mais complexa, louca e senão a mais antiga de todas.

Tem tanta coisa que a gente pode falar sobre ela por ser tão rica historicamente e em estilos, que um artigo só certamente vai ser pouco.

A produção de cerveja sempre foi uma atividade rural e doméstica até o poder da Igreja crescer e surgir os monastérios com super equipamentos e monges cervejeiros que sempre inovaram na maneira de fazer cerveja como por exemplo, a técnica de fermentação em tanque aberto. (Fermentação espontânea, com leveduras que viviam no ambiente e se alojavam nos tanques).

As cervejas belgas são consideradas as melhores do mundo. Até hoje nunca ouvi uma só pessoa que não goste de pelo menos um estilo.  E me desculpem os beer chatos, não tem o que falar mal delas.

Uma das curiosidades sobre a cultura cervejeira Belga é que o maior bar do mundo fica em Bruxelas com mais de 3 mil rótulos e cada uma dessas cervejas é servido em seus devidos copos. Se por acaso não tiver o copo apropriado, não adianta, amigo, eles NÃO vão te servir. Questão de respeito pelo rótulo. Você só vai beber o que quiser se tiver o copo apropriado para o serviço!

Falando em copos, quem faz coleção, TEM que ter um cálice trapista. Só pelo simples fato de ser muito bonito e lembrar o cálice que é servido vinho durante as missas pelos religiosos. É um cálice que faz referência à essa cultura dos monges.

Sobre estilos: são tantos que merecem atenção que vou deixar isso para domingo. Será um artigo apenas de estilos belgas. Hoje vamos contar histórias =D

Já ouviu falar em blends? São aquelas misturas de lotes ou de estilos que dão origem à um novo. Isso é muito comum lá uma vez que a cultura dos monges é envelhecer cervejas por muuuito tempo em barricas de madeiras e com isso elas ganham características únicas, muitas vezes azedas devido às bactérias que se instalam naquele ambiente de fermentação.

Outra coisa para falar dos belgas é que aquela história de fazer cerveja apenas com água, malte lúpulo e levedura é muito pouco. Porque não usar outros ingredientes (adjuntos)?  Eles reinventaram a arte da brasagem e isso é lindo. Usam arroz negro, fruta, especiarias, levedura selvagem e o que mais acham interessante. E que bom que eles são ousados e criativos. Nós, amantes da cerveja agradecemos.

Dentre as ordens dos monges existe a categoria chamada Trapista. E as cervejas dessa ordem em minha opinião são sem igual.

Vamos entrar em estilos com mais detalhes num próximo bate papo, mas eu não poderia deixar de falar sobre as Witbiers. Estilo de característica alemã (aquela escola que preza lei da pureza em que nada mais pode ter na cerveja a não ser água, malte e lúpulo) e aí eles recriam esse estilo adicionando especiarias (coentro principalmente). O resultado? Uma baita cerveja refrescante, para beber fresca e de copo cheio. Tão bem aceita que nunca sai de estilo e sempre é recriada. A Hoergaarden é uma das mais antigas se não for a primeira (alguém me ajuda a confirmar isso?) e até hoje temos elas nas gôndolas dos mercados, proporcionado pela fácil distribuição da Ambev.

Sem dúvida a Bélgica é meu maior sonho de viagem cervejeira e acredito que de pelo menos 90% dos amantes dessa bebida milenar. É o paraíso cervejeiro mais cativante, imagino. Tanto pelos bares incríveis quanto pelas fábricas e monastérios (nesses a chance de visita é bem mínima). Espero voltar a escrever outro artigo sobre esse com maior propriedade após visita além dos livros.

Saúde!

Karina Hauch

Publicitária e beer sommelière. Apaixonada por cerveja, fábricas e mundo cervejeiro. Adora conhecer novos rótulos e experiências gastronômicas. Sonha viajar o mundo em busca de cervejarias e acumular experiências em horas-copo.

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