Dislexia e TDAH, será?
A dificuldade no processo de escolarização e o modo com que estes se apresentam na fase escolar são enfoques principais nos dias atuais. A existência ou não das patologias causam grandes discussões e não chegam a uma conclusão efetiva e/ou comprovada.
As pessoas que aprendem ou comportam-se de maneira diferente das demais são intituladas com algum tipo de patologia, pois sua aprendizagem e comportamento desviam-se das demais, entretanto será que existe realmente uma patologia ou é apenas o comportamento, meio, socialização que precisam de cuidados especiais?
Ao ser rotulado com uma doença, muitas vezes, o indivíduo para ser visto como único e singular, apenas o avaliando pela patologia que apresenta, ou a que enquadro sem pertencer realmente ao quadro do diagnóstico. Ao invés de enquadrar as pessoas em normais e/ou anormais, não é melhor olhar para o que a pessoa precisa naquele momento, dar acolhimento e atendimento necessário?
Nas sociedades ocidentais é comum o uso de medicamentos para resolver os comportamento que se desviam do restante, a medicina constituindo seu estatuto de ciência moderna atribuindo o biologismo da vida, normatizando o que é doença e saúde. Desta forma atrela-se a medicina e a educação e medicaliza-se crianças e adolescentes pelo “não-aprender”, ampliando a demanda e a medicalização e diminuindo o ser e o rotulando, sem investigar o que há por trás o “não aprender”.
Enquadrando o indivíduo em normal e anormal, e definindo uma patologia por ter dificuldades do processo de ensino-aprendizagem, cria-se medicações para corar a doença e nomenclaturas, Dislexia e TDAH, os rotulando, pelo menos, durante todo o processo escolar. Ao se dizer que alguém possui um distúrbio no processo de aprendizagem, diz-se que há uma alteração violenta na ordem natural da anormalidade por uma anormalidade patológica, excluindo quaisquer outras influencias que podem afetar este processo, tais como condição financeira baixa, locais de risco, fome, bullying, entre tantos outros.
Cabe-se então definir a dislexia e o TDAH para saber do que estamos discutindo especificamente:
“Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.”
“O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). As principais características ou sintomas são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, resultando na dificuldade de relacionamento com a família e com outras crianças e professores no ambiente escolar.”
Tais definições nos deixam margem para discussões, sendo um tanto vazias em sua elaboração e especificação, deixando margem para erro ou equívocos, ao qual se culminam diagnósticos errados e medicalização desnecessária.
Há vários testes que buscam comprovar, biologicamente alterações neurais que explicam e implicam no processo de aprendizagem para confirmar a existência da patologia, entretanto em grande maioria já apresentada nenhum possui amostra normativa valida que confirmem a existência destas, sempre utilizando pequena parte de uma delimitada população, demostrando mudanças insignificativas, ou que em outras circunstâncias diferentes das de aprendizagem se verifica também a ocorrência.
A indústria farmacêutica também implica, e muito, nesta relação. Quando se cria o remédio é necessária uma patologia para que o remédio possa agir na mesma e ser comercializado. Daí parte maiores discussões a cerca da veracidade ou não de tais doenças e se há real necessidade do uso dos remédios.
Não há consenso entre qual lado, se assim podemos dizer esta certo ou errado. Grandes discussões margeiam este assunto, e dificilmente será encontrado um argumento efetivo que, ao menos, invalide o lado que defende ou opõe-se a patologização e ao uso medicamentoso no tratamento de tais transtornos presentes no processo de escolarização.
Independente de como se é intitulado, e se é realmente uma patologia, se há alterações neurais, morfológicas ou não as dificuldades de aprendizagem existes e fazem parte do cotidiano escolar. É necessário um olhar humanizado e compreensivo a cerca da realidade de quem as apresenta e o contexto ao qual se esta inserido. Em campo, se verifica a incidência de diagnósticos errados com medicalização desnecessária, entretanto há uma parcela que necessita sim desta, e por esta forma consegue uma melhora.
Precisa-se ter cautela, não ter pressa. Cada aluno é de uma forma, cabendo a pessoa que percebe tal dificuldade o olhar cuidadoso para que possa se perceber qual o grau, a forma com que se apresenta e quais os meios possíveis de conseguir uma intervenção positiva para melhora e diminuição da dificuldade de aprendizagem.
A dificuldade existe, e maiores problemas relacionados a ela podem vir a acontecer. Há diagnósticos equivocados e profissionais que agem medicalizando por ser mais fácil, entretanto há a necessidade de olhar além dos sintomas, compreender que contexto se esta inserido e o que se pode fazer a partir disto. Cada caso é um caso, como cada dificuldade é uma e cada indivíduo é único, graças a diversidade humana.