Movimento Antimanicomial: Muito feito e muito há que se fazer
Dia 18 de maio comemorou-se o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. São 30 anos de luta com o propósito dos direitos das pessoas com sofrimento psíquico, transtornos mental e/ou álcool e drogas, contra internações em hospitais psiquiátricos, preconceito, estigma e exclusão.
Com o lema “Uma sociedade sem manicômios”, impulsiona-se a Reforma Psiquiátrica Brasileira, com o intuito de colocá-la em pratica da forma mais eficaz, com tratamento adequado e conscientização da sociedade. O movimento inclui usuários dos programas de saúde mental, familiares, trabalhadores, estudantes e quaisquer pessoa de todo o país que compreenda a necessidade de mudança e estão dispostos a fazer parte da luta para que ocorram mudanças satisfatórias.
O movimento tem como objetivo, não só uma mudança nos sistemas de saúde em sim, mas também uma transformação na visão da sociedade diante o “doente mental”, questionando as relações de estigma e exclusão social de quem possui algum tipo de “transtorno”, quebrando barreiras e mostrando do além da doença ou diagnóstico.
Busca-se a substituição gradativa dos hospitais psiquiátricos tradicionais e antiquados (sanatórios/manicômios) por serviços de tratamento abertos com mão de obra capacitada e com formas de atenção dignar e diversificadas visando atender as diferentes necessidades, formas e momentos do sofrimento mental.
O movimento da luta antimanicomial combate a ideia de que pessoas com sofrimento mental devem ser isoladas para ter qualquer tipo de tratamento. É necessário ver a necessidade de cada um individual, sempre lembrando que elas têm direitos fundamentais à liberdade, a viver em sociedade e ao cuidado e tratamento, sem que precisem abrir mão da cidadania, apesar do transtorno ou doença, todos são cidadãos e não o que foram diagnosticados.
Desde a reforma psiquiátrica e a implementação da lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, o número de leitos em internações psiquiátricas foram consideravelmente reduzidos, ao passo que o número de RAPS (Redes de Atenção Psicossociais) vem aumentando gradativamente, bem como o reconhecimento e a importância que eles possuem nos tratamentos, em substituição aos sanatórios e manicômios.
Esses serviços substitutivos, além de promover a saúde mental em si do paciente, o tirando do surto e/ou dependência, devem-se articular a serviços de ações sociais, cidadania, culturais, educação, trabalho, entre outros, incluindo ações e recursos diversos da sociedade no paciente, bem como o reincluindo e mostrando seu pertencimento no meio social.
Implementação das novas políticas, mudança na visão do paciente diante a sociedade e dele próprio e tratamentos mais humanizados são de extrema importância neste processo de mudança e luta, protegendo os usuários dos serviços.
“Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos a saúde, justiça e melhores condições de vida.” – II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental – 1987.