Será que é amor?
É comum, e em alguns casos frequente, casais brigarem, seja por questões financeiras, ciúmes ou qualquer coisa banal, ou não, que aconteça em casa ou no social.
Cada casal resolve seus problemas de uma forma, e cada um sabe seu limite. Muitas vezes um acaba abrindo mão de alguma coisa pelo outro. Há uma troca no relacionamento, e ambos “moldam-se” ao outro para conseguirem viver juntos e conciliarem a vida pessoal, familiar, do trabalho e a social.
As crises são normais e comuns nos relacionamentos, são com elas que o casal consegue evoluir e refletir acerca de seu relacionamento. As brigas são saudáveis, impulsiona o casal a resolver da melhor forma, melhorando e evoluindo o relacionamento, entretanto crises e brigam frequentes, intensas e sem solução tornam a relação tóxica.
Quando a relação torna-se tóxica, ou é tóxica desde o início, questões de posse podem estar presentes. “Você é meu mundo”, “não vivo sem você”, “só você dá sentido à minha vida”, são frases que muitos gostariam de ouvir de seus parceiros, porém apenas se forem ditas, e não colocadas em prática.
O amor tem uma linha tênue para se tornar qualquer outra coisa, e quando o “cuidado” é excessivo, o ciúmes absurdo, necessidade de controle pelo outro torna-se necessária, passa-se de amor, e torna-se possessão e/ou obsessão e aí está o perigo.
Em fase inicial a possessão pode ser vista como uma forma de cuidado e zelo, porém quando torna-se persistente e começa a invadir persistidamente o espaço do parceiro, fissuras no relacionamento surgem e este torna-se frágil.
O amor existe e conserva-se na confiança, no desejo, comodidade e espaço do outro, já a possessividade baseia-se e ampara-se no ciúme, egoísmo e na desconfiança. Não existe nada para o outro, e a relação é conduzida para a destruição.
A possessão pelo outro não está apenas em “ter o outro pra si”, mas também em desconfiar de tudo o que ele faz sempre sendo suspeito, em dominar e querer controlar tudo o que o outro faz. Há ataques de ira e de paixão muito intensas, incompatíveis com confiança e amor.
A pessoa possessiva revista as coisas do parceiro, espiona, busca sinais de traição e infidelidade mesmo que não haja motivos. Briga por coisas banais, não permite que o outro tenha seu espaço, em alguns casos querendo o proibir até do contato com a própria família.
Apaziguar desejos pessoais, controle de onde está, com quem está, de vestimenta, de uso de celular ou qualquer interação social, perseguição (mesmo que de forma “sutil”), sabotagem de amizade, falta de limites pessoais, ciúme excessivo e paranoia, mensagens e ligações insistidas vezes e manipulação de culpa são sinais de que provavelmente está em um relacionamento possessivo.
A pessoa que busca a posse sofre tanto quanto a seu “objeto”. A necessidade obsessiva pra ter “aquilo” cria mecanismos e estratégias para seduzir o outro, originando uma atração fatal. Ele precisa ser amado, é dependente do parceiro e da dor emocional que este “amor” lhe proporciona. Ele enxerga o que é ideal pra ele, e apenas pra ele, possui uma ideia fixa de poder e domínio sobre o outro, além de ter uma forte tendência a se fingir de vítima, necessitando assim de dó e de atenção.
O obsessivo/possessivo sente falta de amor, atenção e cuidado, sentindo que ele precisa de alguém pra suprir toda essa necessidade para sentir-se seguro, feliz e bem sucedido. Ambos sofrem em um relacionamento deste tipo, o possessivo que necessita deste controle e não tem percepção de suas atitudes, e o parceiro que é controlado todo o tempo, culpado por tudo e que muitas vezes perde sua autoconfiança e autoestima.
Se você encontra-se em um relacionamento deste tipo, precisará lidar com essa possessividade e buscar soluções para seu relacionamento. Não é fácil encontrar dentro de uma relação como esta, mas terminar um relacionamento também não é. Haja com calma, tente conversar com seu parceiro e busquem encontrar soluções juntos. A possessividade não cessará do dia para noite, é um processo longo, porém não deixe de viver por conta do outro.
A psicoterapia pode ser uma grande aliada neste processo de autoconhecimento, conhecimento sobre o relacionamento e possíveis medidas a serem tomadas em relação a situação vivida, tanto para o possessivo, quanto para o parceiro.