Sexualidade infantil

Todos nós, seres humanos, desde o nascimento já demonstramos afeto, desejos, conflitos e sentimentos, com maior ou menor intensidade. Nossas relações não são para fins de coito e concepção. Vivemos buscando realizações, buscamos satisfação e prazer em nossas relações, envolvendo ou não o sexo, logo quando nascemos.

O bebê experiencia o mamar, no peito ou mamadeira, como primeira fonte de prazer, tanto para saciedade da fome (necessidade básica), bem como para o afago, calor e sentimento de segurança (que apenas mais tarde será nomeado desta forma) que este momento lhe proporciona. O corpo neste momento é quem recebe o cuidado e traz a sensação agradável de cuidado e amor.

O beijo, abraço, carinho, cuidado, preocupação, e todos os cuidados de pais, mães e cuidadores desde o nascimento da criança vão contribuindo para construção da sexualidade, aqui não relacionada a genitalidade, trazendo entendimentos de sensações e sentimentos. Vale nesta fase a relação constituída com o outro, o despertar de emoções que eram desconhecidas e o conforto ou desconforto com os mais variados momentos.

Conforme a criança vai crescendo e experienciando, ela descobre que possui um pênis ou uma vagina, que é diferente do outro e que em alguns momentos tocar naquela região, lhe traz sensações antes desconhecidas, mas que lhe trazem prazer. Elas não estão relacionadas neste momento com sexo, elas nem sabem o que isto significa, elas apenas descobriram uma nova fonte de prazer em seus corpos e estão experimentando-as.

Algumas crianças farão mais ou menos vezes, algumas descobriram suas genitálias como fonte de prazer mais cedo e outras mais tarde, mas este é o processo de crescer, é normal, natural e saudável. Neste momento eles estão manipulando seus órgãos sexuais, sem nenhuma relação com desejo sexual, desta forma nunca deve-se repreender os pequenos por isso.

Se eles são menorzinhos, entre três ou cinco anos, o ideal é buscar desviar a atenção deles para outra atividade quaisquer, se eles já forem maiorzinhos, maiores de seis anos já dá para conversar com eles e explicar o porquê não é adequado, é importante respeitar o espaço pessoal da criança e sua exploração, e ir orientando aos poucos sobre o que é adequado ou não levando em consideração sempre a compreensão e sua capacidade de, acerca do assunto.

Nunca deve-se repreendê-los por se masturbarem, como já foi dito, a exploração da própria sexualidade é comum, normal, natural e saudável. Ela deve ter local e momento para ocorrer, mas não é algo errado, sujo ou proibido. A grande maioria dos humanos realizam e isso não os tornam piores ou diferentes do que ninguém.  Abertura e conversa são os principais caminhos para o equilíbrio.

Somos sujeitos biopsicosocioculturais, e essas relações e sentimentos desde o nascimento até o fim da vida, nos mostram como não há somente a influência instintiva e biológica, mas sim todo o meio, os cuidados, a cultura, a sociedade, a própria forma de ser e estar no meio de tudo que nos permeia.

É importante os pais e/ou cuidadores quebrarem seus próprios mitos e tabus em relação a masturbação, sexualidade e ao sexo. É melhor as crianças saberem e terem as informações que buscam em casa do que em qualquer outro local que ela possa vir a procurar. Crianças não querer saber sobre concepção, atos sexuais, doenças contraceptivas e coisas assim, elas apenas querem que suas dúvidas sejam sanadas, mesmo a mais simples e apavorante “De onde vem os bebês?”

É necessário dar respostas simples e de fácil compreensão, respeitando a compreensão e entendendo o real motivo da pergunta, de forma leve e descomplicada, eles não são mini adultos! Com conversas deste tipo, a criança ganha confiança em si, e em quem ela sempre conversa, conseguindo lidar melhor com seus próprios sentimentos, dúvidas e existência, sempre aprendendo mais sobre si, e até mesmo sobre o outro.

Yasmin Paciulo Capato

Yasmin Paciulo Capato é Psicóloga (CRP: 06 / 136448) clínica e atende as especialidade de Psicoterapia, Orientação Vocacional e Psicodiagnóstico na Clínica Vitalli.

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