Para um jovem demolidor!
O trânsito estava intenso àquela hora na avenida,
e eu esperava os carros passarem, pra atravessá-la em seguida.
Foi justo naquela hora que, num prédio em demolição,
eu o vi, magro e empoeirado, com uma marreta de ferro na mão.
Equilibrando-se sobre uma laje, sem segurança qualquer,
eu o via a martelar e, pouco a pouco, a parede derrubar.
Olhando pra ele com temor de que pudesse dali cair,
dentro de mim eu orava e, a Deus, em seu favor suplicava.
E quando o trânsito diminuiu e a avenida atravessei,
sem que ele percebesse, mais uma vez o olhei.
Ele jamais saberá que estive a observá-lo,
e enquanto trabalhava com a mente o fotografava.
Também jamais saberá, aquele jovem demolidor,
que por ele a Deus supliquei, com todo o meu fervor.