Alma que ouve, coração que fala
E hoje temos a vigésima quinta história da Coluna “Preces de Esperança”. Vale a pena conferir!
Seu Josué acompanha com os olhos cada movimento do Capelão, que dá apoio espiritual no leito ao lado. O padre o observa e, ao terminar o diálogo com o paciente que atendia, volta-se para ele para conversar.
– Olá, tudo bem?
– Ele é surdo e mudo, padre! – alerta a cuidadora.
– Ah… E ele aprendeu a linguagem de sinais? – pergunta o padre.
– Não! Mas criamos uma forma de comunicação com ele.
O Capelão, padre Josirlei, conhecendo libras, sabia que também poderia estabelecer uma comunicação com aquele paciente. Passa, então, a fazer gestos e proferir algumas palavras, e percebe que ele corresponde, compreende e faz uma leitura labial.
Firma-se um vínculo ali. Seu Josué estava acompanhando e entendendo tudo. Acolheu o sacerdote com o olhar. Percebeu que ele faria uma oração, que iria abençoá-lo. A cuidadora também lhe sinalizou que receberia uma bênção.

O padre, então, levanta as mãos no sentido de imposição e começa a rezar. Em resposta e respeito àquele sagrado momento, o paciente une suas mãos em oração, metáfora da conexão direta com Deus, e, mesmo sem ouvir e sem poder expressar em palavras seu sentimento, concentra-se.
Quando o Capelão termina de rezar, a cuidadora retira a máscara de Seu Josué. Ele sorri. Mesmo sem os dentes, ele sorri um riso de gratidão, revelando que estava tudo bem e que ele estava feliz.
A pureza e singeleza daquela comunicação encheu de espiritualidade o momento. A comunicação que é sempre possível através do Espírito Santo, Ele que alcança silêncios e neles e se manifesta.
A deficiência de Seu Josué representa apenas um detalhe para aquele homem já idoso que não possui surdez ou mudez na alma, pelo contrário, sua alma provou ouvir a voz da graça e seu coração esboçou o contentamento de louvar a Deus.
Ele entendeu o sinal da cruz e, mesmo com dificuldade, repetiu o gesto sobre seu peito…
Em seguida, acenou lentamente um tchau pro Capelão em agradecimento.