Helena: presença, afetividade e compaixão

E hoje temos a vigésima sétima história da Coluna “Preces de Esperança”. Vale a pena conferir!

Dona Clea Maria está hospitalizada há um tempo. Já com a saúde bastante debilitada, recebe frequentemente a visita dos familiares que já vêm sendo preparados para o momento em que ela fizer sua passagem. Dentre estas visitas, tem uma muito especial: a de Helena, sua bisneta.

Padre Josirlei a conheceu no dia 25 de outubro de 2022.

Acompanhada de seu unicórnio de pelúcia – o Ursinho – a doce Helena leva luz e alegria para o quarto onde sua bisa está internada.

Desde que a criança perdeu o bisavô, a família tem tido o cuidado de prepará-la também para o momento da despedida da bisavó. Helena está lendo um livro da autora Anna Cláudia Ramos, ilustrado por Bruna Barros – “A bisa e as botas de dinossauro” –, que traz a bonita relação entre bisnetos e bisavós, uma obra que trata do envelhecimento e da morte de uma forma mais leve e natural, através do olhar de uma criança. Assuntos delicados que precisam ser abordados com verdade, porém de maneira sensível.

O adulto, na maioria das vezes, evita que as crianças tenham contato com o ambiente de hospital, entretanto, sob a ótica infantil, é um lugar que pode despertar curiosidades, é onde se pode levar, inocentemente, até um unicórnio cor de rosa para fazer uma visita à bisa da Helena.

Foto: Arquivo Pessoal

Certamente, Helena é tão amorosa e generosa quanto a garotinha do livro que está lendo e, observando a bisa já fraquinha naquele leito, despretensiosamente, ela, sim, tem ajudado, através de seu olhar, os adultos a se preparem para uma despedida.

Por mais doloroso que seja este processo de iminente morte, a presença de Helena neste momento é primordial para toda a família, afinal ela é a extensão de um amor, de uma geração, e vive com a bisa uma experiência de ternura e compaixão que será levada para sua vida adulta.

Bisavós geralmente contam histórias, mimam os bisnetos, rezam por eles e dão presentes. Hoje, Dona Clea Maria já não pode doar-se desta forma para Helena. Dela, no leito do hospital, restou apenas o significado, riqueza partilhada com esta criança, que, mesmo tão pequena e sem a total compreensão da situação, oferece o que de mais valioso o ser humano pode oferecer ao outro: a presença.

Helena é resplandecente como seu nome. É uma criança privilegiada por não estar sendo privada da visita à bisa no hospital, do contato com aquela que faz parte das suas raízes e é referência de amor. A experiência é um benefício para toda a família, de amor, de delicadeza, de aprendizado mútuo, afetividade e cuidado.

Capelão Pe. Josirlei e Lucimara Souza

Recortes da realidade que suscitam esperança, fé e amor. Experiências vividas pelo Capelão Pe. Josirlei, traduzidas por Lucimara Souza.

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