Uma música, um sentimento, uma história
E hoje temos a décima terceira história da Coluna “Preces de Esperança”. Vale a pena conferir!
Era uma quarta-feira. Senhor João, paciente em terminalidade, recebeu a visita do Capelão naquele dia. A esposa, muito religiosa, estava em sofrimento em virtude da condição de saúde daquele que sempre foi seu companheiro ao longo da vida.
Durante aquele diálogo de acolhimento diante de tamanha dor, o padre perguntou sobre os gostos do paciente, sobre o que lhe dava prazer enquanto bem de saúde.
– Ele gosta de ouvir músicas! – respondeu a esposa.
– Sério? Que tipo de música? – indaga o padre.
– Pink Floyd… Ou música dos anos 60!
O padre ficou bastante surpreso pelo gosto musical do paciente, e passaram a ouvir, ali mesmo, naquele quarto, o sucesso instrumental de Pink Floyd que traria a paz a Sr. João.
E ao ouvir “Marooned”, a expressão do paciente mudou, tornando-se mais leve, revelando seu prazer de ouvir aquela canção que, possivelmente, tocou delicadamente sua alma, mexendo com suas memórias.
Uma experiência única que o padre partilhou com uma amiga que, por incrível que pareça, se conecta à espiritualidade quando ouve o heavy metal da Metallica.
Pode soar estranho inicialmente ouvir dizer que alguém entra em estado de paz espiritual ouvindo uma musicalidade intensa, pesada e, por vezes, até agressiva de uma banda…
A verdade é que qualquer caminho que nos conecta a nossa espiritualidade não cabe em nenhum julgamento. O que faz sentido para alguém e o leva à experiência de estar mais próximo de sua essência e de sua ligação ao sagrado deve ser respeitado e acolhido, pois resgata valores, permite a experiência de vivenciar sentimentos de forma inteira e intensa.
Ouvir uma música e reviver as recordações intimamente ligadas a ela é ouvir a própria alma… E, certamente, Sr. João, em silêncio, ao ouvir o som de uma de suas bandas favoritas, sentiu-se ligado ao que há de mais bonito em seu interior.