Você me conhece e eu conheço você!
E hoje temos a vigésima terceira história da Coluna “Preces de Esperança”. Vale a pena conferir!
Dona Mércia está sob cuidados paliativos. Vaidosa, católica, fiel a Deus, ela é devota de Nossa Senhora Auxiliadora, também padroeira do colégio onde estudou em Ribeirão Preto. À cabeceira de seu leito, de um lado está a imagem da Santa, do outro, dona Regina, sua cuidadora.
Naquele dia, Padre Josirlei foi ao hospital a pedido da equipe dos cuidados paliativos. Chegando lá, perguntou à paciente quem era aquela senhora que segurava sua mão.
– Ela se chama Regina, disse a paciente, abrindo um sorriso. E, olhando para ela, continuou:
– Você me conhece e eu conheço você!
A cuidadora sorriu afetuosamente, concordando com a paciente.
Padre Josirlei observou a cumplicidade entre as duas. Enquanto ofereceu a unção dos enfermos à dona Mércia, dona Regina, evangélica da Congregação Cristã, acompanhou o momento de oração em silêncio. Mais que isso… Sua postura naquele momento, denotava profundo respeito e acolhimento à crença daquela de quem já era parte da família, pois há 24 anos cuidava daquela senhora.
Bem mais que uma cuidadora, dona Regina é presença, é amor. São mais de duas décadas de dedicação, de amizade, de zelo. Sempre solícita, companheira, desprendida de julgamentos.
É exatamente o que o padre evidencia ali, diante delas: realmente, elas se conhecem, se reconhecem, se conectam pela incondicionalidade do amor. Dona Regina, em todos esses anos, é proteção a quem ela se doa com tanto carinho. E, certamente, sempre foi capaz de segurar a mão, de olhar nos olhos, entender, compreender e, acima de tudo, respeitar o jeito, a religião, os gostos, as ideias, os sonhos, a vida e a história de Dona Mércia.
A convivência entre paciente e cuidadora revela intensa espiritualidade, maturidade na fé, humanidade, reconhecimento e profunda gratidão, que pode ser interpretada como prática viva do Evangelho.