No Campo de Xadrez

Era uma vez um jogador de futebol que queria ser reconhecido mundialmente.

Sabe aquela ânsia de ter toda a mídia voltada pra si, entrevistas e flashes? Pois é.

Através do futebol, essa fama não seria assim tão repentina, demandaria muito esforço. Então, nada mal em dar uma acelerada no processo, ou ainda, uma forçada para um destino feliz.

Não querendo pagar pensão ao filho que teve com uma ex-amante, o tal esportista arma, como uma bela jogada, junto de amigos muito queridos, e até então desconhecidos, o sequestro e posterior assassinato e execução da mulher que estava importunando sua vida. Bacana é que ele deu uma força até para os amigos ficarem famosos. Amigo é pra essas coisas, não é?

No momento em que o mundo, de forma especial o Brasil, estava voltado para um grande evento desportivo no ano de 2010, o jogador sonhador rouba a cena e toda a mídia se volta para ele. Seu sonho começa a se tornar realidade.

Em todos os telejornais, revistas, rádio, internet. A fama veio como uma “bomba” batida do meio do campo. E certeira!!!

A ex-amante foi passiva de um crime de grande requinte. Aliás, até diferente. Não cabe citar onde foram parar seus restos mortais. Tudo foi friamente calculado. O jogador que aspirava virar celebridade só deu as ordens. Afinal, sua habilidade se limitava às bolas nas mãos, não a armas brancas. Os amigos? Uns foram coadjuvantes e o mais audaz e intrépido deles, o algoz.

Um delito banal para eles, ou um erro, como o mentor afirmou várias vezes. Afinal, que diferença faz um filho sem mãe ou uma árvore genealógica sem um galho?

O resultado desta bela história foi o sonho do jogador concretizado. Ele só não esperava que sua notoriedade fosse ser tão grandiosa e que teria que mudar o esporte de futebol para xadrez.

É bom quando as pessoas têm seus objetivos alcançados. Este brigou e conseguiu, sem ser egoísta. Levou com ele quase um time de futebol completo.

É certo que o mundo, que acompanhou pela mídia, ficou rezando por ele, para que passasse o resto da vida jogando no xadrez, se deliciando com os prazeres que tão esplêndida determinação trouxe para sua vida.

Mas os brasileiros não contavam com o bom coração da justiça brasileira, esta “mãe” caridosa!

Em fevereiro deste ano, uma surpresa: liberado por uma liminar dada por ministro do Supremo Tribunal Federal, o jogador sai feliz e sorridente do campo de xadrez. Volta aos campos de futebol recontratado por um Clube, e os brasileiros passam a sentir, mais uma vez, o desejo de assassinar a justiça brasileira.

Bruno é seu nome. Um “ser humano” condenado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ficou fora do futebol por menos de 7 anos. Sorte a dele, não? Moço bom que merecia uma segunda chance, não é?

Mas a pressão foi grande! E sua nova aventura futebolística durou pouco.

 

Cara, você está na mídia de novo. Parabéns! A surpresa desta semana – a revogação de sua liberdade – foi esperada e comemorada pelo Brasil! Volta lá e faz história no xadrez, querido! Boa sorte!

Enquanto isso, a gente permanece aqui tentando entender seu “erro”.

 

Lucimara Souza

Formada em Letras, Pedagogia e especialista em Comunicação: linguagens midiáticas, atualmente professora. Aprecia a escrita permeada pela criatividade, humor e certa dose de sarcasmo.

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