Pelo meu jeans e minha camiseta branca

A moda me espanta um pouco. Não gosto de olhar e ver todo mundo parecido ou até mesmo igual. Sempre apreciei a diversidade, além de não conseguir entender o gosto de determinadas pessoas pela moda, mesmo que esta não lhe caia bem.

Por exemplo: fico desconcertada, inconformada e triste ao passar por uma moça manequim 44 vestindo um short 38 cheio de mini objetos brilhantes fazendo conjunto com uma blusinha da última moda tamanho P. Não se trata de preconceito. É que não orna, entende? A barriga parece palpitar, o short fica emaranhado no meio das pernas e ainda provoca assaduras.

Ao me deparar com cenas como esta, vistas em qualquer lugar do planeta, eu me ponho seriamente a refletir e a questionar Deus. Senhor, será que não deu tempo de ela passar pelo espelho para passar o batom? Não é possível não ter reparado.

Fico no meu silêncio contemplativo, certa de que alguém vai falar que está grotesca a combinação e que, da próxima vez, ela vai se vestir melhor.

É chique a mulher usar a roupa adequada para seu tipo físico. Homem também. Há muitos tutoriais na internet hoje. Há blogueiros famosos que dão dicas de grande utilidade. Altos, baixinhos, gordinhos, cheinhos, magrinhos… Há uma infinidade de lojas, inclusive populares, que trazem os mais variados looks para cada porte. Saber e aceitar o seu tipo físico é vida! É vida a favor!

Minha rebeldia fica atiçada também quando entro em uma loja para comprar qualquer modelo tradicional e a vendedora ignora meu pedido vindo com o lançamento da moda. Se eu pedi o tradicional, quero o tradicional. Por que nunca tem? Será mesmo que estamos condicionados a seguir o que a moda dita?

E meus gostos? E minhas vontades? Desde quando é chique ser idêntico a todo mundo? Por que devo acompanhar o padrão que a mídia quer? E o jeito autêntico e único de ser?

Oi?!

Não quero ser igual porque acho elegante usar camiseta branca e calça jeans e ter cabelo cacheado. Acho deprimente olhar para cabelos oleosos sob efeito de chapinha. Andar de carro antigo não me faz menos do que ninguém, até porque não tenho carnê para pagar. Não me sinto diferente por não ter um cãozinho Shih-Tzu, não andar de roupa de academia no supermercado, não ter óculos espelhados, não usar tênis com cores vibrantes ou não ter o dito corpo perfeito. Posso perfeitamente ser parte da sociedade assim, sendo como sou, bem resolvida e sem a necessidade de parecer outra pessoa.

Eu quero ter as minhas preferências, minha diversidade, os meus cabelos, as minhas roupas, a minha graça, a minha beleza e o meu estilo de vida para ser feliz. Isso basta!

Lucimara Souza

Formada em Letras, Pedagogia e especialista em Comunicação: linguagens midiáticas, atualmente professora. Aprecia a escrita permeada pela criatividade, humor e certa dose de sarcasmo.

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