Adaptação de ambientes públicos traz opções de lazer para crianças com TEA
Espaços inclusivos projetados para receber autistas e familiares contribuem para a socialização infantil
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm diferentes necessidades e interesses, e a adaptação de atividades de lazer para atender a essas preferências promove um ambiente mais inclusivo. A Lei que prevê a adequação de espaços públicos, como cinemas e teatros, entrou em vigor na cidade de São Paulo em 2020, e desde então, medidas como essas passaram a ser adotadas em outros locais do estado.
Desde a criação da Lei n.º 17.272, redes de cinema adotaram o projeto chamado “Sessão Azul”, que consiste em salas de cinema voltadas para o público autista e seus familiares. Para melhor aproveitamento das crianças, os filmes dessas sessões são exibidos com as luzes acesas, com a diminuição do volume e com o livre acesso pela sala, bem como a entrada e a saída durante a transmissão.
Giovana Escobal, doutora em educação especial e diretora do Instituto Abacare, referência no tratamento de crianças com TEA, comenta sobre a importância dessas ações. “Iniciativas de inclusão como essas fortalecem a interação; oportunizam momentos de bem-estar com a família, trazendo experiências diferenciadas; além de proporcionarem maior conscientização”, comenta a profissional.
Diferentes opções para diferentes gostos
Mesmo que salas adequadas para receber o público autista deixaram de ser uma exclusividade dos cinemas, ter ambientes com adaptações sonoras e sensoriais ainda é um diferencial de poucos espaços públicos. Estádios de futebol de diferentes times entenderam a necessidade e adotaram salas sensoriais com redução de ruídos e abafamento sonoro para que torcedores neurodivergentes pudessem aproveitar os jogos da melhor maneira.
Grandes locais como a NeoQuimica Arena e o Estádio do Morumbi, em São Paulo, já possuem amplos espaços destinados a receber torcedores com TEA e seus familiares. Estádios em outros locais do país também adaptaram espaços para o conforto do público múltiplo, como a Arena do Grêmio, em Porto Alegre (RS), e o Estádio Couto Pereira, em Curitiba (PR).
O Allianz Parque, também localizado na capital paulista, tem sala sensorial em processo de finalização. Outros grandes estádios do país não aderiram à construção desses ambientes inclusivos, ainda que alguns doem abafadores de som para os torcedores durante os jogos.
Atividades em Ribeirão Preto
O Instituto Abacare é sediado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. No ano de 2021 foi sancionada a Lei n.º 14.550, referente às Sessões Azuis. A norma municipal prevê que as transmissões ocorram mensalmente, com programação selecionada conforme a faixa etária do público, e juntamente da presença de um profissional qualificado para pré-atendimento ou encaminhamento médico desse público durante as exibições, caso se faça necessário.
Na cidade, ainda que algumas redes de cinema, como UCI e Cinépolis, tenham a proposta de inclusão, não é possível encontrar mais informações sobre essas sessões em seus canais oficiais. Enquanto isso, no site do Cinemark, títulos como “Turma da Mônica: Lições”, “Encanto” e “Sing 2”, compõem o catálogo adaptado, entretanto, sem disponibilidade de horários e sessões.
Para Dafne Fidelis, mestre em psicologia e diretora do Instituto Abacare, a periodicidade e a constância das transmissões fazem diferença para a experiência das crianças. “Mesmo que a Lei preveja que as sessões aconteçam todos os meses, não é isso que ocorre. Os cinemas disponibilizam essas sessões como eventos espaçados, e não como uma programação constante, e essa lacuna nas exibições atrapalha o propósito da existência dessa atividade”, reforça Fidelis.
Segundo informações disponíveis no site do projeto “Sessão Azul”, seu propósito é que ele funcione como um treinamento para as crianças na adaptação ao ambiente do cinema. O principal objetivo da iniciativa é agir como uma extensão ao trabalho terapêutico e contribuir com o engajamento dos pais no processo de tratamento da criança.
É importante o conhecimento de que durante todo o processo de lazer e socialização de pessoas com autismo, deve-se observar e levar em conta suas preferências individuais e adaptar as atividades de acordo com suas necessidades. Além disso, a comunicação aberta com pais e profissionais pode ajudar a criar um ambiente de lazer que atenda às necessidades específicas da criança.
Sobre o Instituto Abacare
Em atuação desde 2018, o Instituto Abacare oferece apoio intensivo a pacientes com transtorno do espectro autista (TEA), atrasos intelectuais e atrasos de linguagem. O objetivo da instituição é auxiliar esse público no desenvolvimento de habilidades acadêmicas, sociais, linguagem e também habilidades de vida diária, além do enfraquecimento de comportamentos disfuncionais socialmente para uma vida mais produtiva, independente e feliz.
Para mais informações sobre este e demais cursos, sobre a instituição e sua atuação, entre em contato via telefone pelo número (16) 3329-2359, ou vá até uma de suas unidades físicas, localizadas nas cidades de Ribeirão Preto (SP) e João Pessoa (PB).