Islândia, a Terra do Gelo
Essa semana nossa viagem é pela Islândia. A ilha ao extremo Noroeste da Europa, conhecida como a Terra do Gelo. Com 103.000km2, mais de 11% do país esta coberto de glaciares, incluindo Vatnajökull o maior glaciar da Europa.
A Islândia tem uma população de pouco mais de 320.000 habitantes, dos quais a metade vive na capital Reykjavík (capital da Islândia) ou em cidades ao Sudoeste. É o pais com a menor densidade demográfica da Europa. As terras montanhosas do interior são inabitadas e a maioria dos núcleos de população está entre as costas da ilha.
Para chegar até esta terra de glaciares, gêiseres em erupção, cataratas e montanhas foram três dias de navegação partindo do porto de Southampton, Inglaterra, em direção ao Norte da Islândia. A navegação não foi muito agradável já que para chegar a terra do gelo, atravessamos tempestades, mar violento e céu cinzento. O dia parecia estar congelado e a claridade que tomava conta do céu era de diferentes tons de cinzas e seguia até tarde da noite. Exceto no dia do solstício de verão quando o sol da meia noite se fez presente e ficou ali parado esperando as horas do relógio passar.
Nossa viagem começa pelas cidades de Akureyri e Isafjordour já que o porto de Reykjavík estava fechado devido ao vento forte que não deixou o navio atracar.
Akureyri
Nossa primeira visita foi em Akureyri, cidade na base do Eyjafjörður Fjord, capital do norte da Islândia, rodeada por uma cadeia de montanhas. É a segunda maior cidade do país e principal porto pesqueiro. A população não passa dos 18.000 habitantes. Essa região foi povoada desde o século IX e não há nenhuma evidência histórica que mencione Akureyri antes do ano de 1562. O nome da cidade é antigo e durante toda a historia da Islândia essa cidade foi um centro pesqueiro, comercial e também uma das bases militares aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi fundada somente no ano de 1778. Durante muitos anos os Dinamarqueses contribuíram em muitas coisas para a população da cidade como, por exemplo: no cultivo das plantações de batatas, na arquitetura e na cultura.
É uma zona bem fértil fazendo dela um centro agrário para todo o norte da ilha. A cidade conta com uma jovem Universidade: RES – The School for Renewable Energy Science, que é um centro de investigação de energias renováveis. Duas das maiores companhias pesqueiras Islandesas estão localizadas na região e o turismo aos poucos vai adquirindo cada vez mais importância.
Akureyri oferece muitos lugares interessantes e uma variedade de atividades para fazer, como: safári de baleias, piscinas de água geotérmicas, rafting, vela, ciclismo, passeios a cavalo e treckking. A natureza e as atividades ao ar livre são um das atrações dessa região, com sua vegetação particularmente abundante, o jardim Botânico de Akureyri também é conhecido pela sua variedade de plantas e flores de diversas cores. Criado em 1911 é um dos lugares mais visitados da cidade tanto por habitantes quanto por turistas. Outra atividade de lazer que praticam os Islandeses é a pesca de salmão e de trutas em lagos ou rios.
Nessa passagem por Akureyri visitei Laufás uma antiga fazenda que hoje é um museu agrário e nos transporta às tradições populares e a história dos assentamentos e de muitos anos da pesca. É impressionante poder voltar no tempo através das antigas construções de madeira com chão de terra batida e paredes que guardam histórias e protegem contra o vento, o frio e a neve.
A Cachoeira de Goðafoss fica a cerca de 40km de Akureyri e ali se encontra uma das quedas d’água mais charmosa da Islândia. O rio conta com várias cascatas, encontra sua frente de águas mais acima do glaciar Vatnajökull. A capa de lava que rodeia o rio tem mais de 7.000 anos e Goðafoss e conhecida como “a cascata dos Deuses” recebeu este nome depois de um episodio histórico: as estatuas pagãs foram jogadas na cascata depois que o cristianismo foi introduzido na Islândia.
Isafjordour
Mais ao norte, no vilarejo de Ísafjörður, estão localizados os Fiordes do Oeste. Uma região ainda mais selvagem e menos povoada do país. Esse vilarejo é o maior de Vestfjörður, com 3.200 habitantes e rodeado por montanhas, onde o que predomina é o verde intenso das paisagens, o vento gelado, o frio úmido seguido de pancadas de chuvas.
A historia do vilarejo é antiga, antes chamava-se Eyri de Skutulsfjörður, no ano de 1786 ganhou a carta municipal, e hoje chamada Ísafjörður. A população da cidade sempre trabalhou na indústria pesqueira, porque ali estão a captura de grandes peixes e uma boa praia natural. Hoje 30% dos habitantes trabalham nas cooperativas de pescados e ainda existem trabalhos na área da tecnologia de ponta e turismo.
Minha outra visita foi ao Museu Marítimo, onde é possível ver construções do ano de 1757 e também objetos utilizados na pesca. Ali está guardada boa parte da história da pesca e seu desenvolvimento na Islândia. O centro da cidade é bem pequeno, uma das construções que chamam a atenção é do antigo hospital que foi reconstruído e transformado numa biblioteca. Ísafjörður também é a morada dos melhores esquiadores da Islândia.
Aos arredores da baía de Ísafjörður se encontra outra vila de pescadores: Bolungarvík. Desde o início a pesca foi a principal atividade econômica dessa área. Muitos pescadores viveram ali durante períodos sazonais de pesca, residência permanente não existiu nessa área por muitos anos. O vilarejo recebeu a licença para o comércio em 1903 e a construção do píer começou em 1911.
O Museu de Ósvör é uma reconstrução de uma estação de pesca, mostra como trabalhavam e arriscavam suas vidas pelo mar violento. Um memorial quase esquecido durante a Islândia Industrial.
Uma curiosidade sobre esta terra é que cerca de 90% da população da Islândia pertence a igreja Evangélica Luterana, e ao passar pelos vilarejos além de avistar paisagens nostálgicas, montanhosas e bucólicas é possível sempre ver uma igreja.
História
A Islândia foi colonizada no século IX, segundo a história, o primeiro colonizador foi o Viking Noruego Ingólfur Arnarson, que estabeleceu sua morada onde atualmente é a cidade de Reykjavík. Ele foi seguido por muitos outros colonos que trouxeram seus escravos Irlandeses. Os Islandeses ainda falam a língua dos Vikings, apesar do Islandês moderno ter sofrido um pouco de mudanças na pronúncia e no vocabulário. Somente na Islândia ainda mantém-se a tradição dos Vikings com relação ao utilizar os nomes do pai ou da mãe com o sufixo: son (filho) ou dóttir (filha).
Por exemplo: Guðrún Pétursdóttir (Guðrún, filha de Pétur). Membros da mesma família podem ter diferentes sobrenomes, o que chega a ser um pouco confuso pra quem é estrangeiro.
A Islândia desde 1262 era parte do reino da Noruega e posteriormente Dinamarca, e teve sua independência em 1918. Apesar de seu isolamento devido sua localização geográfica conseguiu se desenvolver rapidamente. Durante o século XIX houve uma emigração em massa para o “Novo Mundo”, principalmente para o Canadá. Aproximadamente 15.000 pessoas abandonaram o país e até o século XX a população dependia da pesca e da agricultura.
Hoje em dia conta com uma economia de mercado, com impostos relativamente baixos, mantendo o bem estar social através de Assistência Sanitária Universal e Educação Superior gratuita aos seus cidadãos. Em 2009 foi classificada pela ONU como o terceiro país mais desenvolvido do mundo. Essa terra do gelo tem uma sociedade tecnologicamente avançada e sua cultura embasada na herança Nórdica.
Islândia é uma ilha que impressiona. Fiquei me questionando como pode esse povo viver nessas condições extremas e clima inóspito, pois estar ali é um confronto único com todos os elementos ao mesmo tempo: o vento, o frio, a chuva, a luz, os espaços imensos de verdes intensos e o deserto de gente.