Mont Saint-Michel
Hoje nossa viagem é através da arquitetura e da história de um encantador vilarejo medieval construído num pequeno ilhote sob um morro rochoso na foz do rio Couesnon na região da Normandia, França. O Monte São Miguel, em francês: Mont Saint-Michel.
Está localizado a 1 hora do porto de Le Havre e a 360km de Paris. Esse santuário é uma homenagem dedicada ao arcanjo São Miguel.
Segundo a lenda, o bispo Aubert da cidade de Avranches, fundou um santuário em 708 no então chamado Mont-Tombe (antigo nome do Mont Saint-Michel) após três aparições do arcanjo São Miguel em seus sonhos. O presságio de um touro amarrado sobre o Monte Tombe anunciou o local do santuário, hoje o Mont Saint-Michel.
As obras tiveram início no ano seguinte e, ao longo do tempo, a abadia do Monte Saint-Michel se tornou um local importante de oração e de peregrinação e nunca deixou de atrair visitantes e peregrinos do mundo inteiro. No século X os monges beneditinos instalaram-se na abadia e uma pequena vila foi-se formando aos pés do monte. Ali os monges traduziam textos de Aristóteles, e as relíquias atraíam os fiéis em busca de espiritualidade.
Este mosteiro, fortificado no século XIII, foi ponto de reunião dos Cruzados rumo à Terra Santa, e alternativa da Cristandade nos anos de 1309 a 1377. Esta cidade fortificada, denominada “bastide” marcou a fronteira dos reinos ao final da Idade Média, servindo como elementos de defesa, mas sua localização estratégica também terminou transformando-o em um alvo. As ampliações da abadia foram acompanhadas de outros projetos de construção para reforçar a defesa da ilhota.
Durante a visita, é possivel encontrar, por exemplo, vestígios da Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra. O Monte Saint-Michel foi uma fortaleza inexpugnável, resistindo a todas as tentativas inglesas de tomá-la e constituindo-se, assim, em símbolo da identidade nacional francesa. Curiosamente, durante a Revolução Francesa, Monte Saint-Michel perdeu o seu contexto religioso e se tornou uma prisão até 1863. Em 1979, foi declarado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A arquitetura do Monte Saint-Michel e sua baía fazem dele o lugar turístico mais frequentado da Normandia e o segundo mais frequentado da França, ficando atrás somente de Paris. São aproximadamente 3.500.000 de visitantes que vêm anualmente visitar o ilhéu rochoso.
No topo da abadia, a 170 metros de altura culmina a estátua do Arcanjo São Miguel, matando o dragão, que simboliza o mal. A Abadia é hoje uma comunidade monástica com uma presença espiritual permanente. Batizada “Maravilha do Ocidente”, o Monte Saint-Michel é cercado de uma magnífica baía; teatro de uma das maiores marés da Europa. Um espetáculo grandioso, sua Abadia fora do comum é uma maravilha realizada pelo homem, e sua baía é uma maravilha realizada pela natureza.
Travessias da Baía do Monte Saint-Michel, a pé.
Como peregrinos do passado ou simplesmente amantes da natureza, as razões para atravessar e descobrir a Baía são variadas. Na maré baixa, a Baía do Monte Saint-Michel revela todos os seus segredos, a fauna, a flora, as luzes, e seus reflexos.
A travessia pela Baía pode ser perigosa por causa da área movediça e geralmente é conduzida por guias experientes com certificado emitido pela comissão de avaliação de riscos em travessia, uma tradição milenar que ainda milhares de peregrinos a mantém viva.
O monte era ligado ao continente através de um istmo natural que era coberto pelas marés altas. Ao longo dos séculos a planície alagável em torno foi sendo drenada para criação de pastagens, reduzindo a distância do rochedo à terra, e o rio Couesnon foi canalizado, diminuindo seu aporte de água e acelerando o assoreamento da baía. Em 1879 o istmo foi reforçado e tornou-se uma passagem seca perene. Em 2006 o governo francês anunciou um projeto para tornar novamente o monte uma ilha com a construção de barragens, que foi completado em 2012. A última linha de trabalho é agora visível ao pé das muralhas.
Visto à distância e envolto na bruma que, manhã cedo, paira sobre toda a baía, o Mont Saint-Michel ainda consegue desenterrar toda a aura mística que consagrou séculos e séculos de fervorosas peregrinações.