Viajar sem destino

Vou atravessando as nuvens, seguindo em direção à Índia. Terminei o contrato com o navio de cruzeiro e com o tempo livre resolvi viajar mais um pouco, dessa vez de férias. Um friozinho na barriga, imaginando a chegada naquela loucura de Mumbai, e já no voo está sendo uma prova de paciência.

Sentada ao lado de uma família Indiana com uma criança que não para de maneira alguma no acento, é interessante ver como não existe limite entre pais e filhos… Aliás o pai senta e dorme e a mãe, uma jovem, não tem autoridade no controle da criança. Nesse momento já tomei um banho de refrigerante, o arroz que saltou do seu pratinho e pulou no meu colo, o cheirinho de curry dentro do avião, e entre eles existe uma bagunça que não me assusta, já que isso que nos espera.

A vontade de fazer essa viagem já vem de alguns anos. Tudo começou durante uma noite de navegação, eu e minha companheira de trabalho estávamos sentadas olhando para o mar, era um momento de transição e havíamos pensado, quem sabe encontramos esse momento na Índia. Foi apenas um desejo. Logo os contratos nos separaram mantivemos o contato e um dia os barcos se cruzaram, há quase três anos atrás, e quando nos reencontramos, relembramos daquela vontade que ainda não havia sido descartada.

Por casualidade e graças a internet que nos mantinha conectadas, enviamos mensagens enquanto navegávamos. Ela estava em uma outra parte do mundo numa outra companhia de cruzeiro, mas sempre digo que o que levamos dos barcos são os momentos e as pessoas que ali conhecemos e que de uma maneira fizeram parte de um pedacinho da vida fora de casa.

Nos tornamos amigas do mundo, não conseguimos estar sempre presentes mas quando nos reencontramos é como se o tempo tivesse parado em algum lugarzinho lá atrás, por onde compartilhamos muitos momentos pelos portos e pelo mundo e três anos depois nos reencontramos para experimentar um pouquinho da Índia.

Assim que hoje Gisela uma Argentina ex-companheira de trabalho será minha companheira de viagem e juntas compartilharemos um pouquinho dessa experiência e vivências.

Já que trabalhamos com viagens e acompanhando grupos em excursões pelo mundo, quando viajamos de férias, buscamos algo totalmente fora do turismo, passamos a ser viajantes do tempo, caminhantes às vezes errantes, assim que essa viagem é uma experiência.

Gostamos de viver, sentir, experimentar a cultura de cada lugar, vivenciando como pessoas locais. Nossa viajem começa com uma pequena mochila, sem muitos planos ou expectativas, o único planejamento certo foram os três primeiros dias de hospedagem em Mumbai e dali vamos planejando a viagem. Para muitos, essa maneira de viajar não é muito viável ou agradável, tudo depende do tempo que está disposto a viajar e convido vocês a embarcarem nessa aventura!

Graziella Marasea Cebollero

Viaja o mundo a trabalho e com isso reúne diversas histórias e fotos que irá compartilhar com a gente.

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