Feira da Consciência Negra promove reflexão e aprendizado na EMEB. João Nogueira
O evento superou expectativas, contando com a participação ativa dos alunos, professores, funcionários e familiares
Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, a EMEB. João Nogueira, localizada em Cravinhos, realizou, de 25/11 a 05/12, a Feira da Consciência Negra, com o tema: “Respeito não tem cor, tem consciência”. A iniciativa surgiu de um diálogo entre a professora doutora Natália Frazão José e professora Adriana Grupioni Roncolato, ambas de História, motivadas pela necessidade de ampliar a conscientização dos alunos sobre o tema.
As docentes relatam que pensavam em uma apresentação simples, que envolvesse os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, mas, a partir da troca de ideias e da percepção sobre a importância de se falar do tema de forma ampla, a feira foi expandida, envolvendo toda a escola e o corpo docente da EMEB. João Nogueira. Elas contaram, ainda, com a ajuda do Professor de História William de Andrade Funchal, que desempenhou um papel importante ao motivar a conscientização dos alunos e, com eles, participar também da elaboração de trabalhos para a exposição.

O evento superou expectativas, contando com a participação ativa dos alunos, professores, funcionários e familiares. Durante a feira, os visitantes assistiram a vídeos educativos e puderam ver e interagir com uma exposição rica e diversificada, composta por cartazes, objetos culturais, comidas e trajes típicos e até uma representação de uma senzala, que trouxe reflexões profundas sobre o passado escravocrata do Brasil. Na abertura, os alunos puderam participar, inclusive, de uma roda de capoeira, promovida pelo Mestre Diogo Roberto Nascimento Pereira e seus alunos.
Além dos alunos da própria escola, o evento recebeu visitantes de outras unidades escolares do município, como as EMEBs. Moacyr Martins dos Santos, Antônio Joaquim da Silva, Maria Virgínia Matarazzo Ippólito e Major Victor Ramos, ampliando o alcance do projeto. A exposição também foi aberta à comunidade, promovendo uma troca de experiências entre alunos e demais populares.
Um dos pontos altos de todo trabalho foi o uso do prédio histórico da EMEB. João Nogueira, construído no início do século XX com mão de obra escravizada, apesar de esta ter sido abolida anos antes.

Foto: Divulgação
“O porão do prédio, antes destinado ao alojamento precário desses trabalhadores, foi ressignificado como um local de memória, luta e resistência. Transformar esse espaço de dor em um local de aprendizado é fundamental para a construção de uma consciência coletiva mais justa e inclusiva”, destacou a Profª. Dra. Natália.
A realização de atividades como a Feira da Consciência Negra reforça a necessidade de se trabalhar a temática da diversidade e do respeito nas escolas, conforme estabelecido pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. Essas legislações determinam a inclusão da história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena nos currículos escolares, buscando combater o racismo estrutural e valorizar as contribuições desses povos na formação do Brasil.

“É fundamental que os estudantes compreendam que o respeito à diversidade e a luta contra o preconceito começam no reconhecimento da história e da cultura dos povos que construíram nosso país. Isso não apenas amplia horizontes, mas ainda fomenta um ambiente escolar e social mais empático e igualitário”, reforça a Profª. Adriana.
Com iniciativas como esta, a EMEB. João Nogueira reafirma o compromisso de educar para além dos conteúdos acadêmicos, promovendo valores que formam cidadãos conscientes e engajados na construção de uma sociedade mais justa, harmônica, baseada no respeito.
De acordo com os professores envolvidos, o sucesso da Feira da Consciência Negra também foi possível graças ao apoio da gestão escolar, representada pela diretora Elaine Cristina Galdona e pelas coordenadoras pedagógicas Débora Ferreira dos Santos e Karina De Santis Comar Backes, que ofereceram total autonomia para o desenvolvimento do tema e contribuíram para a organização do evento, e a colaboração da Secretaria Municipal de Educação, no fornecimento de materiais e transporte para a visitação. É uma união que reflete o comprometimento com a construção de uma educação transformadora e inclusiva.