Sesc e MAM São Paulo levam a exposição “Sonhos Yanomami” ao Sesc Ribeirão Preto

​​Nas 20 obras que compõem a exposição, Andujar registra os rituais xamanísticos dos Yanomami. Itinerância acontece de junho a setembro a partir da parceria entre as instituições. ​

A partir de 12 de junho, a exposição Sonhos Yanomami, de Claudia Andujar, será exibida no Sesc Ribeirão Preto. Com realização do Sesc São Paulo em parceria com o MAM São Paulo, a itinerância leva ao interior do estado um conjunto de 20 imagens em que Andujar apresenta os rituais xamanísticos do povo Yanomami. 

“A parceria entre MAM e Sesc São Paulo nos ajuda a expandir o alcance das exposições do museu, indo a regiões diversas e enriquecendo a experiência do público”, comenta a presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Elizabeth Machado. 

O gerente do Sesc Ribeirão Preto, Mauro César Jensen, destaca as leituras que podem ser criadas com essa parceria.

“É uma honra reabrir nossa sala expositiva ao público apresentando obras do acervo do MAM. Trazer à discussão a sabedoria dos povos indígenas através de uma mediação consistente é importante para repensarmos o presente e sonhar com futuros melhores”.

Artista e ativista, Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e cresceu na Transilvânia em uma família de origem judaica e protestante. Sobrevivente do holocausto, chegou ao Brasil em 1955, onde começou sua carreira como fotojornalista e artista, e se estabeleceu no país.

Claudia Andujar. Hélio para os brancos – da série Sonhos Yanomami 2002
Foto cortesia: Galeria Vermelho

A fotografia era o meio usado por ela para conhecer as pessoas e aprender sobre o novo país. Em 1971, encontrou os Yanomami pela primeira vez e decidiu passar mais tempo com eles. Sonhos Yanomami é um dos últimos trabalhos realizados por Andujar a partir de seu acervo de imagens sobre o povo Yanomami.

Desde o primeiro contato com os Yanomami, Claudia Andujar voltou várias vezes para a região e lá permaneceu por longos períodos, desenvolvendo laços estreitos com seus membros, os fotografando em suas casas coletivas – chamadas “yano” – e os acompanhando na floresta para fotografar diversas atividades.

​​“Considero a série​ Sonhos Yanomami um turning point​ em minha experiência com os Yanomami. As imagens que compõem a série revelam os rituais xamanísticos dos Yanomami, sua reunião com os espíritos. A partir de sua criação, eu comecei a conceber uma interpretação imagética acerca dos rituais, fato que me deu acesso à genealogia do povo, aglutinando aspectos da cultura e dissolvendo as fronteiras entre os seres humanos, seus deuses e a natureza, integrando todos em um fluxo contínuo”, conta a artista em entrevista publicada na ocasião da exposição ​Identidade, exibida em 2005, na Fondation Cartier, em Paris.

Claudia Andujar. Sem título – da série Sonhos Yanomami 2002
Foto cortesia: Galeria Vermelho

A série é composta por 20 imagens geradas por meio da sobreposição de cromos negativos fotografados a partir de 1971.

“Trata-se de uma obra do período maduro da artista, que já possuía grande intimidade com a cultura do povo que a acolheu. As imagens revelam algo dos rituais dos líderes espirituais Yanomami e a importância do sonho em sua cosmologia”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do museu, em texto que acompanha a mostra.

O conjunto de imagens exibidos na itinerância é, também, reflexo de um momento de respiro de Andujar e do povo Yanomami. Ao lado de outros ativistas, Andujar fundou em 1978 a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) – conhecida como Comissão Pró-Yanomami. A Comissão, coordenada por ela, organizou a campanha pela demarcação do território Yanomami, a fim de garantir a preservação e a sobrevivência desse povo originário da Amazônia. A Terra Indígena Yanomami foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, entretanto ela continua sendo invadida pelo garimpo ilegal que tem provocado centenas de mortes. Andujar fez da luta pela preservação do povo, da cultura e da terra Yanomami o trabalho de sua vida.

Claudia Andujar. Opiq+theri, Perimetranorte – da série Sonhos Yanomami 2002
Foto cortesia: Galeria Vermelho

​​“A fotografia é minha forma de comunicação com o mundo. Um processo de mão dupla em que você̂ recebe tanto quanto dá. Se o registro fotográfico de culturas pode ser considerado uma forma de compreensão do outro, eu acredito que com a série ​Sonhos​ eu consegui entender a essência do povo Yanomami”, afirma Andujar na ocasião da mostra na Fondation Cartier. ​

A abertura da Mostra acontece no dia 12 de junho, quarta-feira, às 19h30. Os visitantes poderão apreciar a exposição 13 de junho a 22 de setembro, no Sesc Ribeirão Preto (R. Tibiriçá, 50 – Centro), de 3ª a 6ª feira das 13h às 22h, e aos sábados, domingos e feriados, 9h30 às 18h. Entrada gratuita.

Da Redação

A equipe Intertv Web traz para você as informações e notícias precisas que você precisa.

Deixe uma resposta