Aquarela sem cor
O fato de o agressor ter tentado contra a própria vida não suaviza a angústia e a dor que sentimos…
Não é preciso falar que o fardo está pesado.
Ontem, 04/05/2021, a dor se instalou na ‘Saudades’, a pequena cidade do interior de Santa Catarina, que virou notícia no país todo.
Três bebês. Três filhos que foram levados para a escola pela manhã e, na despedida, certamente ouviram a promessa: “mais tarde a mamãe te busca”… Três vidas inocentes que davam ainda mais cor àquela Aquarela, a escola de Educação Infantil e palco de toda tragédia.
As tias eram Keli e Mirla. Mais duas vidas, mais duas famílias dilaceradas, mais metas e sonhos ensanguentados. Certamente, as profissionais da educação tinham objetivos, tinham muitos valores ainda a imprimir naqueles pequenos…
Não dá! Não dá pra, ao menos, tentar entender o que se passava no coração daquele ainda menino, de 18 anos, decidido a cometer um crime naquela proporção. Com um facão… Mais impactante ainda é saber que o atentado foi de novo contra uma escola, de novo contra crianças tão pequenas, que nem sabiam se defender, e de novo contra as pessoas que as protegiam, as acolhiam e as amavam enquanto elas estavam longe dos pais…
E como assistimos a tudo isso?
Impotentes, tristes, inconformados, de novo.
O fato de o agressor ter tentado contra a própria vida não suaviza a angústia e a dor que sentimos…
Falar de criança é bom quando se fala de vida, de amor, não de morte…
Falar de escola e dos profissionais que nela atuam é bom quando se fala de futuro, de aprendizado, não de sonhos interrompidos…
Hoje, lá em Saudades, só restam dor e saudade, pra sempre.
Aqui, revolta e tristeza…
Que Deus tenha misericórdia e nos faça enxergar que ainda é possível ter esperança no ser humano, porque pensar racionalmente no que estamos vendo e vivendo dói a alma e faz chorar.