Hepatites virais: Brasil tem mais de 750 mil casos confirmados
Do número total, o maior percentual de casos vai para a hepatite tipo C, que ocorre principalmente via parenteral, por meio do contato com sangue contaminado.
A campanha Julho Amarelo foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a conscientização mundial e luta contra as hepatites virais. No Brasil, o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde mostrou queda nos casos de hepatites A, B e C. Apesar da baixa, os dados não representam um avanço no combate à doença. Os resultados estão atrelados ao contexto imposto pela pandemia de Covid-19, que limitou o acesso dos usuários aos serviços de saúde.
O boletim ainda registrou que, no período de 2000 a 2022, foram diagnosticados 750.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Com isso, a informação e prevenção se torna essencial para o combate dessas doenças.
A principal via de contágio do vírus da hepatite A é a fecal-oral,ou seja, através da ingestão de água e alimentos contaminados, e tem como sintomas fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais como enjôo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarréia e icterícia (pele e os olhos amarelados).
Já a hepatite B tem sua transmissão através de relações sexuais e contato com sangue contaminado. Relação sem preservativo com uma pessoa infectada, compartilhamento de seringas, agulhas e materiais de higiene pessoal como lâminas de barbear, alicates e escovas de dentes são meios de contágio. A hepatite C, principal tipo diagnosticado no país, tem a mesma forma de contágio. Ambos os casos não têm sintomas aparentes como a hepatite tipo A.
A infectologista do Grupo São Lucas, Dra. Fernanda Puga (CRM: 134.141/ RQE: 103066), explica que a doença é diagnosticada anos após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado, que costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença com cansaço, tontura, enjôo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. A minoria dos casos apresenta doença aguda, e quando acontece, se manifesta com febre, fadiga, náusea, vômito, diarréia, dor abdominal, urina escura e icterícia.
“Ao identificar estes sintomas o paciente deve procurar atendimento médico para realizar exames para as hepatites virais. Atualmente, não há nenhum tratamento específico para hepatite A. Os medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona, o tenofovir desoproxila (TDF), o entecavir e o tenofovir alafenamida (TAF). O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 12 ou 24 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a cura da infecção na maioria dos casos. Antigamente o tratamento da hepatite C causava muitos efeitos colaterais aos pacientes, com baixas taxas de cura”, detalha.
A prevenção da hepatite A se dá através da vacinação, indicada para todas as pessoas a partir de 12 meses de vida. Para o vírus da hepatite B, a principal forma de prevenção é a vacina, disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas independentemente da idade. Já para evitar a hepatite C, é importante não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue como seringas, agulhas etc.
“Ainda temos outras recomendações gerais para a população que busca a prevenção, como cuidar da higiene pessoal e dos alimentos, lavando sempre as mãos antes de se alimentar, cozinhando bem os alimentos antes de consumi-los, lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras, o uso de preservativo nas relações sexuais e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure”, conclui a infectologista.