Hemodiálise contínua: entenda importância do tratamento para pacientes graves
Nova tecnologia proporciona mais estabilidade na remoção de substâncias e excesso de líquidos no sangue de pacientes internados em UTIs.
Segundo estudos internacionais, cerca de 20% dos pacientes hospitalizados são afetados pela Injúria Renal Aguda (IRA) globalmente. A alteração da função renal de forma aguda é muito comum em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), trazendo evolução no quadro para a necessidade de diálise. Em alguns casos, a hemodiálise contínua se torna a opção viável para atender esses diagnósticos com mais segurança.
A prática é uma terapia de diálise que filtra o sangue, removendo substâncias e excesso de líquidos em pacientes que estão internados em terapia intensiva e desenvolvem uma grave alteração da função renal, com necessidade de medicações para manter a pressão arterial.
O nefrologista do Hospital São Lucas em Ribeirão Preto, Dr. Filipe Miranda Bernardes (CRM: 202097 / RQE: 112141), explica que o procedimento da hemodiálise contínua se aplica em um perfil de pacientes que não toleram a terapia convencional, como por exemplo quadros de choque séptico, pós-operatório de cirurgias cardíacas e pós-operatório de neurocirurgias.
“A hemodiálise comum ambulatorial é de quatro a seis horas, com um fluxo do sangue mais alto, tirando líquido em grande quantidade em curto intervalo de tempo. A contínua fica ligada 24 horas por dia com cada tratamento durando até 72 horas, removendo substâncias e líquidos em tempo real, de forma que o paciente retire o que retiraria em 4 horas em 24horas, sem abaixar a pressão, sem expor ao risco de tirar muito líquido em pouco tempo. Essa diferença de tempo é justamente para que o paciente fique melhor dialisado uma vez que, estando em estado grave e instável, não toleraria fazer isso em pouco tempo como na diálise comum. Isso ainda estabiliza melhor os exames de sangue de forma a ficarem estáveis durante todo o dia”, explica.
Entre os benefícios do tratamento estão, além da estabilidade do paciente, maior controle do volume de líquidos acumulados, melhor controle dos exames laboratoriais, remoção de partículas maiores que a diálise comum e possibilitar adicionar outras terapias como a remoção de gás carbônico e a retirada de citocinas inflamatórias, utilizando capilares específicos.
O tratamento hoje possui novas tecnologias, como a Plataforma PrismaX, uma máquina automatizada e autorregulável que facilita a realização da terapia de forma intuitiva para seu controle durante a utilização, com tecnologia avançada para aquecimento sanguíneo bem como as soluções de diálise padronizadas e que geram menor risco durante sua manipulação.
No Hospital São Lucas em Ribeirão Preto, o tratamento teve início em junho de 2024 e já beneficiou oito pacientes. O nefrologista afirma que o número de pessoas realizando o procedimento terá aumento progressivo a partir do treinamento da equipe e difusão da terapia nas unidades.
“É um tratamento seguro, moderno e que atende às necessidades do paciente, que diante da situação de maiores cuidados, por muitas vezes não toleraria outra forma de intervenção. Os avanços tecnológicos vêm para trazer ainda mais qualidade e bem-estar ao enfermo”, conclui.