‘Cultura, Arte e Educação andam de mãos dadas’

O artista plástico e professor, Júlio Tunis, tem se destacado na realização de esculturas, desenhos e quadros. Mas permanece em atualização constante em sua área.

Hoje (03/06) apresentamos a 30ª história da nossa série de reportagens “Personagens de Cravinhos”. O projeto consiste em mostrar, um pouco das pessoas que levam o nome da cidade por todos os cantos do mundo, bem como se destacam no próprio município, com seus empreendimentos, talento, simplicidade e carisma.

E dessa vez vamos contar a história do professor e artista plástico, Júlio Tunis, 48 anos, e que fez seu primeiro curso de artes plásticas em 1987 na antiga Casa da Cultura com o professor e artista plástico Paulo Chaves. De 1989 a 1992 seguiu na área técnica e concluiu o curso técnico em Eletromecânica no Industrial, em Ribeirão Preto.

“Neste curso técnico, as aulas que mais gostava eram desenho e torno mecânico. Achava interessante ‘esculpir’ formas em aço. Neste período trabalhei como desenhista na Etelco eletro controle – LTDA, sempre me destacando nos desenhos de perspectiva. Naquela época a informática estava começando a ser implantada nesta área, portanto os desenhos eram feitos de forma artesanal, era preciso dominar técnicas de desenho e geometria, habilidades manuais nas quais eu me identificava”, explica Júlio Tunis.

Júlio Tunis tem se especializado na realização de esculturas
Foto: Arquivo Pessoal

Em 1993 ele decidiu por pedir demissão da empresa e realizar o seu sonho, e ingressou na Unesp (Bauru), em 1994, no curso de Licenciatura em Artes Plásticas.

“Com bolsa de estudos, tive a oportunidade de me dedicar exclusivamente ao curso, aprendendo inclusive, conteúdos de outros cursos como o de Desenho Industrial. Grandes artistas foram meus professores, como o escultor José dos Santos Laranjeiras, que veio do Uruguai na década de 80 e possui grandes esculturas em Bauru e no Brasil”, ressalta o artista plástico.

De volta a Cravinhos, lecionou durante um período na escola estadual “Cel. João de Souza Campos”, passou no concurso público do estado mas não assumiu. Trabalhou em agências de publicidade em Ribeirão Preto como designer, mas em 2006 decidiu voltar para a educação como efetivo no município de Cravinhos.

“Em 2009 fui convidado para trabalhar na Secretaria de Cultura. Hoje continuo na EMEB. ‘João Nogueira’ como professor de Arte e na Secretaria de Cultura, em que ministro Oficinas Culturais e outras atividades”, comenta Júlio Tunis.

E nessa semana a nossa equipe de reportagem esteve com o professor e artista plástico, Júlio Tunis, em que ele falou um pouco sobre o seu trabalho, a escultura da Praça do Ciclista, seu relacionamento com outros artistas e como enxerga a Cultura de Cravinhos. Acompanhe!

“Sou nascido e criado em Cravinhos, portanto esta cidade foi palco de grandes momentos de minha vida”
Foto: Arquivo Pessoal

InterTV Web – Como surgiu a oportunidade de se tornar professor de Artes?

Júlio Tunis – O curso superior o qual concluí possibilitou prestar concursos públicos na área da Educação. Passei em dois concursos, estadual e municipal, mas assumi somente o segundo.

InterTV Web – Seus trabalhos tem ganhado destaque. Fazer as obras de Artes é dom ou muito estudo e aprendizado?

Júlio Tunis – Sabe aquela frase: “10 por cento de inspiração e 90 por cento transpiração?” É bem por aí. Devemos ter autoconfiança naquilo que fazemos. Igual uma pessoa apaixonada, ela não pensa que está, ela sabe que está.

InterTV Web – Quem é seu grande professor?

Júlio Tunis – Não foi um, mas vários. O primeiro foi como citei anteriormente, Paulo Chaves. Em Bauru um dos principais foi Laranjeira na escultura.

InterTV Web – Qual a obra de arte que você fez que mais marcou em sua vida?

Júlio Tunis – São como filhos, portanto todas são especiais. Mas no momento sem dúvida, O ciclista, que se encontra na Praça da entrada de Cravinhos, pela sua complexidade e resultado final.

“Neste ano de 2021 estou trabalhando em duas: uma pintura para uma exposição coletiva itinerante e uma escultura em concreto encomendada por um cliente”
Foto: Arquivo Pessoal

InterTV Web – Qual a história mais marcante que você tem com a cidade de Cravinhos?

Júlio Tunis – Sou nascido e criado em Cravinhos, portanto esta cidade foi palco de grandes momentos de minha vida. Marcou muito minha adolescência trabalhar na antiga Casa da Cultura, participar dos festivais de dança e dos teatros dirigidos por Paulo Chaves.

InterTV Web – Você já foi curador de diversas exposições. Qual a sensação?

Júlio Tunis – Sensação de responsabilidade e gratidão, principalmente, quando o artista fica satisfeito.

InterTV Web – Tem alguma exposição em especial que você visitou ou ajudou a organizar?

Júlio Tunis – Visitar a Bienal de 1994 foi uma das experiências mais marcantes, assim como os acervos do MASP e da Pinacoteca do estado. Cravinhos sediou a fase regional do Mapa Cultural Paulista 2009/2010 e ser curador desta exposição exigiu grande responsabilidade, além de ter sido muito gratificante.

InterTV Web – Qual a obra de arte que está fazendo nesse tempo de Pandemia?

Júlio Tunis – Neste ano de 2021 estou trabalhando em duas: uma pintura para uma exposição coletiva itinerante e uma escultura em concreto encomendada por um cliente.

InterTV Web – Hoje você trabalha na Educação e também na Cultura. Você acha que uma atividade contempla a outra?

Júlio Tunis – Tenho certeza que sim. Cultura, Arte e Educação andam de mãos dadas. Na Secretaria de Cultura temos diversos cursos. Já se tornou hábito as escolas regulares visitarem as exposições da Secretaria de Cultura.

“Já se tornou hábito as escolas regulares visitarem as exposições da Secretaria de Cultura”
Foto: Arquivo Pessoal

InterTV Web – Qual a avaliação que faz, atualmente, da Cultura do município?

Júlio Tunis – Antes de falar de atualmente, gostaria de fazer uma rápida regressão na história de nossa cultura. Em 1983 foi criada a Casa da Cultura dirigida por Paulo Chaves. Este espaço oferecia cursos como: violão, dança, artes plásticas e cursos temporários. Em 1984 foi inaugurado o 1º Salão de Arte Contemporânea, um evento anual que recebia artistas de todo o Brasil. A Casa da Cultura era uma referência, mas infelizmente na década de 1990 foi desativada. Desta data até 2006 a cidade ficou sem um centro cultural, apesar de continuar havendo manifestações artístico/culturais independentes. Em 2006 foi inaugurado o Memorial Casa Libaneza – Espaço Cultural de Cravinhos e a cidade volta a ter uma sede cultural onde gradualmente o fomento se intensifica. Atualmente vem atingindo grandes proporções nas diversas manifestações artístico/culturais graças ao empenho da Secretaria e da administração. Com isso, voltamos a ser referência no que diz respeito à cultura.

InterTV Web – Se você não fosse professor e artista plástico. O que seria?

Júlio Tunis – Minha outra paixão é a música, queria ser um violinista profissional, mas por forças maiores iniciei tarde o estudo e de forma autodidata. Quanto mais jovem melhor para iniciar, principalmente o violino. Descartando a possibilidade de ser músico, creio que seguiria como projetista.

InterTV Web – Quais as principais técnicas que usa em suas Artes.

Júlio Tunis – Experimentei muitas técnicas tanto na pintura quanto na escultura. Com a evolução tecnológica vão surgindo materiais novos, por isso a necessidade da pesquisa constante. Atualmente estou mais focado na escultura em cimento.

 

InterTV Web – Recentemente você fez a escultura da Praça do Ciclista em Cravinhos. Qual foi a sensação e inspiração?

Júlio Tunis – A sensação no decorrer da execução foi sangue e suor, literalmente. Existe uma distância grande entre conceber a ideia e executá-la. A construção foi com meu parceiro Ronalson Gomes, ele fez a serralheria. A inspiração surgiu de um desenho que criei alguns anos atrás. Sempre me interessei por anatomia humana e este desenho é de um corredor onde estilizei a musculatura. Usei este desenho também em um catálogo de uma empresa. Decidi usar esse conceito para o ciclista, fazer com chapa de aço alusões aos músculos criando espaços vazados entre eles.

InterTV Web – Suas considerações finais.

Júlio Tunis – A arte e sua ampla diversidade de expressões é utilizada a muito tempo na comunicação de ideias. As religiões da antiguidade até o Renascimento utilizavam as artes como uma forma de catequização, porque a grande maioria das pessoas eram iletradas, e pelo forte apelo visual que as pinturas e esculturas exerciam.

Contemporaneamente, os recursos artísticos e as agências de propaganda andam de mãos dadas. Esses profissionais de comunicação conhecem os princípios pelos quais esta relação funciona. Os seres humanos são extremamente emotivos e são seduzidos pelos apelos dessas mídias. Quem admitiria que o design não influenciou na escolha de um determinado produto?

No design de um carro, por exemplo, há muito estudo, e os designer são profissionais com apurado senso estético para que todas as curvas e cores sejam harmônicos. E o que é a estética? É um ramo da filosofia que define o que é belo e feio. Estética é mais que busca da beleza, é organização, harmonia, e buscamos isso o tempo todo. Podemos contemplar essa beleza e harmonia na natureza, no universo. Por essas e outras razões que a arte é algo intrínseco ao ser humano.

Kennedy Oliveira

É formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelas Faculdades COC (atualmente Estácio). É pós-graduado em Comunicação: linguagens midiáticas, pelo Centro Universitário Barão de Mauá.

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