Genômica nutricional
Atualmente a nutrição visa à promoção da melhora na alimentação como meio de prevenção de doenças e manutenção da saúde.
A ciência hoje começou a ir além, estudando como os diferentes meios de interação entre genes e dieta podem contribuir para alcançar a saúde e o bem estar do organismo.
A genômica nutricional ou nutrigenômica aborda a interação entre genes, dieta e doenças e são conhecidos alguns exemplos clássicos dessas interações, como a intolerância à lactose e a fenilcetonúria. No primeiro caso, foram descritas mutações no gene da lactase, uma enzima de secreção intestinal que catalisa a hidrólise da lactose em glicose e galactose. Estas alterações genéticas encontram-se associadas à incapacidade de digestão do leite e de seus derivados. No caso da fenilcetonúria, a deficiência genética da enzima fenilalanina-hidroxilase é responsável por debilidade mental e convulsões.
Contudo, uma dieta pobre em fenilalanina pode diminuir os efeitos cerebrais da deficiência desta enzima. Essas doenças são conhecidas na área genética como monogenéticas, ou seja, basta a mutação ocorrer em apenas um gene para que a doença ocorra. Em contrapartida, as doenças cardiovasculares, obesidade, câncer e diabetes são poligenéticas, ou seja, são resultado de uma disfunção de vários genes.
Ainda muitos estudos são necessários para que entender como a intervenção dietética pode prevenir o aparecimento dessas doenças. Não é difícil observar que os benefícios e malefícios da ingestão dos alimentos não são iguais para todos, ou seja, o grau de influência da dieta na saúde pode depender da constituição genética. A própria escolha dos alimentos e o apetite certamente são influenciados pela constituição genética. Sabe-se que as necessidades de alimentos, nutrientes e compostos bioativos variam de um indivíduo para o outro e influenciam o risco individual de doenças ao longo da vida.
A genômica nutricional vem reforçar o que já era dito, que não existe dieta pronta e nem formulas milagrosas, mas que os resultados para a saúde visando à prevenção de doenças e a perda de peso, exigem um planejamento dietético que deve respeitar as preferências pessoais e a individualidade bioquímica de cada pessoa. Esse planejamento adequado aliado aos benefícios nutrigenômicos dos alimentos serão capazes de beneficiar a saúde de quem se dispor a realizar uma reeducação alimentar.
Com relação à indústria de alimentos, os avanços da nutrigenômica terão importante papel na alimentação personalizada, principalmente como um componente que colaborará para um padrão alimentar cada vez mais saudável. Muitos estudos ainda são necessários para que haja um domínio dessa ferramenta tão importante que é o funcionamento dos genes, já que as ferramentas de análise do genoma ainda estão apenas começando a amadurecer, porém trata-se de uma área promissora para os nutricionistas e outros profissionais da área da saúde, trazendo-nos enormes desafios.